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Padrões estéticos e a distorção de imagem

Foto do escritor: Daniela CalaçaDaniela Calaça

Atualizado: 1 de out. de 2021




Já faz um tempo que venho construindo novas formas de olhar para mim e para o meu corpo. Nesse processo, percebi que o meu corpo nunca foi gordo e muito menos feio.


Desde a adolescência, tenho uma relação conflituosa com ele e isso fez com que eu construísse uma imagem distorcida sobre minhas características e, consequentemente, me odiasse.


Padrões de beleza


A construção da nossa autoimagem está condicionada aos padrões de beleza impostos socialmente. Conforme nos desenvolvemos, aprendemos que o corpo, para ser bonito e reconhecido positivamente, deve ser magro, branco, sem deficiência e sem marcas. Nem todas cabemos nessa caixinha, mas a maioria de nós deseja estar dentro dela.


Para nós mulheres, a construção social do feminino passa também pela produção da insegurança a partir do incentivo à dúvida pela estética. A mulher, muitas vezes, devido às pressões sociais, é colocada em uma situação de estar sempre em busca da perfeição e do pertencimento, e isso gera um sentimento de insuficiência.

Se fazer mulher nesse contexto social e histórico é ser colocada em dúvida sobre a sua estética e a sua capacidade. Enquanto mulher negra, a construção da minha identidade possui outros atravessamentos de desvalorização e estereótipos negativos devido a intersecção de raça e gênero.


Tudo isso, no fim das contas, é mais uma ferramenta de dominação que causa adoecimento psicológico e emocional, o que pode levar ao desenvolvimento de transtornos alimentares, baixa autoestima, distorção da autoimagem, depressão, ansiedade e outros.


Quando a sociedade impõe essa fragilidade, define um modelo de feminilidade em desvalia para a mulher.

Hoje, compreendo que a depreciação que eu direciono ao meu corpo não se reflete só na forma como me relaciono com minhas características físicas. Não amar e aceitar quem eu sou em totalidade me causou e causa sentimentos de insuficiência, insatisfação e insegurança. Esses três sentimentos tendem a me acompanhar nas minhas relações, na minha vida profissional e nos meus projetos pessoais. Por isso, tenho buscado me comprometer constantemente com meus processos de autocompreensão, aceitaçao e cultivo do meu eu.


Me amar, no fim, tem sido um ato de insubordinação.


 



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